Máscaras, luvas e aventais descartáveis estão em falta; doações estão sendo essenciais

A paramentação do profissional da saúde no enfrentamento do novo coronavírus está comprovada como uma garantia, evitando que ele se contamine. Entretanto, em meio a pandemia da COVID-19, adquirir equipamentos de proteção individual (EPI’s) vem sendo cada vez mais difícil. “Tivemos um aumento muito considerável nos preços das máscaras, luvas, aventais e itens como álcool 70% e em gel. Nosso departamento de Suprimentos identificou aumentos de até 2000%, algo que complica a aquisição desses itens, por isso acionamos a população nessa hora difícil”, explica a superintendente do Hospital Carlos Fernando Malzoni, Denise Minelli.

Há alguns dias iniciamos uma campanha de arrecadação de fundos para a compra de EPI’s e demais itens essenciais no combate diário ao novo coronavírus. “Vimos a população agir, se organizar e prestar solidariedade ao único hospital da cidade. Recebemos desde doações de grandes empresas, até moradores que acionaram parentes e amigos, para doar qualquer quantia que reunissem à instituição”, comenta Denise. A mobilização surtiu efeito e fez com que, além das doações, voluntários se reunissem em torno de uma causa maior. “Recebemos doações de tecidos para a confecção de aventais descartáveis e máscaras, mas mais do que isso, voluntários doaram seu tempo para confeccionar os itens em suas casas e/ou empresas”, ressalta a superintendente.

A Confecções Elite doou 6 mil aventais descartáveis, além de providenciar o corte de aventais para serem costurados por mais voluntárias em suas residências. Empresas como World Comunicação Visual, por meio da família Galli, Predilecta Alimentos, Baldan Implementos Agrícolas, Usina Santa Adélia, Usina Itaquere, Farmácia Magistral, Calçados Bia Dimaro - por intermédio do vereador de Ibitinga, Marco Fonseca -  Yanni, ADS, Usina Ipanema, Mauser, Temasek, Terral, Agrofito, Papelaria Ferrari, Louis Dreyfus, Torcano & Torcano, Casa Benfatti, Depósito de Zíper, Zig Zag, Supermercado Mortari, Café Terra da Saudade, LD Serviços de Apoio Administrativos, Matão Equipamentos, Varejão G, Agro Matão, Chocolates Brasil Cacau, Cacau Show, Agricultura Pecuária e Comércio Palmares, SOREMA, Palomax, Auto Peças Éverton, JCV, enviaram ao Hospital doações dos mais diversos insumos e, em alguns casos, dinheiro.

“O grupo Cambuhy doou a construção da ampliação da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) com capacidade mínima de 6 novos leitos. O Hospital agradece a todos que fizeram parte dessa corrente do bem. Recebemos muitas doações anônimas e de moradores da cidade que entenderam que esse é um momento de união por um bem maior. Contamos com a ajuda de todos para superar essa guerra contra o coronavírus, a doação de alimentos e EPI’s ainda são necessárias. Utilizávamos mensalmente 10 mil máscaras cirúrgicas, utilizamos mais de 30 mil no mês de março, isso também aconteceu com luvas descartáveis. Dobramos a utilização de álcool 70% e triplicamos a de álcool em gel, por isso o momento é de unir forças no cuidado da população de Matão”, conta Denise, que completa, “seguimos as orientações da Organização Mundial de Saúde e Ministério da Saúde, cancelamos todas as cirurgias eletivas, procedimentos e exames, o que acarretou na receita adquirida de outros convênios, que nos ajudava a cobrir o déficit do SUS”, diz.

Colaboradores receberam EPI’s

A diretoria do Hospital Carlos Fernando Malzoni não mediu esforços em proteger os colaboradores que estão na linha frente na batalha contra a COVID-19. “Temos consciência da importância do trabalho do colaborador que deixa sua casa e vem até a instituição cuidar de quem precisa. Foram entregues mais de 1.200 máscaras N95 aos funcionários, médicos e terceiros de todos os setores da instituição. Com as doações de usinas da região, conseguimos reforçar os estoques de álcool 70% e em gel; máscaras face shield foram incluídas na paramentação de quem está no cuidado direto aos pacientes internados, entre tantas outras ações que englobam o nosso principal objetivo, combater a disseminação do vírus”, afirma Denise.

Para o médico infectologista, Dr. Francisco Monteiro, no mundo inteiro vê-se a contaminação de profissionais da saúde que estão de frente com o vírus diariamente. “Em torno de 15% dos infectados pelo coronavírus no mundo são profissionais da saúde, por isso a importância da utilização do EPI’s. Hoje existe uma carência desses equipamentos no mundo todo, isso acontece no Brasil, na Alemanha, Espanha, Itália. Por isso precisamos nos desdobrar para que eles não se contaminem, porque pacientes nós vamos ter muitos mais, mas profissionais da saúde são poucos”, enfatiza o médico que é responsável pelo Serviço de Controle de Infecção Hospitalar do Hospital de Matão.

BOX1: Testes foram realizados em laboratório particular

Pensando em agilizar o processo de diagnóstico do COVID-19, o Hospital Carlos Fernando Malzoni contratou exames particulares no laboratório Hermes Pardini. “A atitude ajuda tanto na organização dos nossos leitos de isolamento, mas também na ansiedade da família que quer saber o que o seu familiar internado tem”, explica Denise Minelli, que ainda completa, “semana passada enviamos sete testes para análise, desses, somente um deu positivo. Ainda aguardamos os resultados oficiais do instituto Adolfo Lutz”, encerra Denise.